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Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho atuará em cinco estados do Nordeste para proteger mamífero ameaçado de extinção no Brasil

03/03/2018        

O peixe-boi marinho (Trichechus manatus) está em perigo de extinção no Brasil. Para tentar reverter esta situação, desde 2013, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) - uma estratégia de conservação e pesquisa da Fundação Mamíferos Aquáticos para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil – vem atuando no litoral norte da Paraíba, mais precisamente na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, uma região com atributos ecológicos que propiciam a existência da espécie. A partir de uma experiência que vem surtindo avanços na Paraíba, este ano, o Projeto, que conta com o patrocínio da Petrobras, vai expandir suas ações para outros estados do Nordeste com atividades socioambientais que visam a conservação tanto do peixe-boi marinho quanto de seu habitat, agregando neste contexto a participação social. Além da Paraíba, serão contemplados Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia (todos considerados rota de ocorrência do animal, porém com os ambientes costeiros extremamente impactados por ações humanas).

A principal ameaça à espécie no Brasil ainda continua sendo os impactos ambientais provocados pelos seres humanos. Lixo, esgoto e substâncias tóxicas lançadas nos mares e nos rios, circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da espécie, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, perda de habitat (estuários e áreas costeiras), captura acidental em redes de pesca. Todos estes fatores vêm colocando em risco o ambiente, a saúde e a vida dos peixes-bois marinhos. As estratégias desenvolvidas pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, com diretrizes nacionais e internacionais para a conservação de sirênios, foram pensadas para tentar reverter ou minimizar estas ameaças. O PVPBM atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite (inédita do Brasil), resgate, acompanhamento e reintrodução de filhotes ao ambiente natural, educação ambiental, cultura, turismo ecológico e políticas públicas voltadas para conservação da espécie e áreas marinhas protegidas.


Em cada estado que o Projeto atuará, serão desenvolvidas ações específicas para o contexto do local. “Os peixes-bois marinhos são considerados um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção no Brasil e os habitats utilizados por estes animais encontram-se seriamente comprometidos. Em Sergipe, por exemplo, apesar de a região ser dotada de atributos ecológicos propícios ao peixe-boi marinho, o grande problema é a questão do tráfego de embarcações motorizadas em áreas de ocorrência da espécie, que vem causando atropelamento e mutilações nos animais. Desta forma, neste estado, nós vamos atuar monitorando os peixes-bois marinhos reintroduzidos e desenvolvendo ações de educação ambiental, com palestras e atividades culturais, a exemplo do Cine Peixe-Boi com exibição e estímulo à produção de vídeos voltados para a conservação ambiental”, explica o pesquisador e médico veterinário, João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

Em Alagoas, estão previstas campanhas educativas e participação no desenvolvimento de políticas públicas junto a APA Costa dos Corais e a APA Piaçabuçu. O projeto também atuará no extremo norte da Bahia com educação ambiental, promoção de eventos eco culturais e monitoramento via satélite de um peixe-boi marinho reintroduzido. No estado de Pernambuco, a atenção vai para o litoral norte, mais precisamente para a costa do município de Goiânia até a praia de Carne de Vaca, com a realização de campanhas educativas e contribuição em fóruns ambientais voltado para a construção de políticas públicas. “A participação das comunidades litorâneas nestas ações é de fundamental importância para a conservação dos peixes-bois marinhos e de seu habitat. Nós acreditamos que somente por meio da troca de experiências e conhecimentos com estes atores sociais (moradores, pescadores, estudantes, professores, comerciantes, turistas, ONGs, governos), aliadas a um processo de educação ambiental é que vai ser possível obter avanços na área”, complementa o pesquisador.

O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental – possui uma base executora na APA da Barra do Rio Mamanguape (PB) e conta com estruturas de apoio nas unidades da Fundação Mamíferos Aquáticos localizadas no Recife (PE), Aracaju (SE) e Mangue Seco (BA). A FMA é uma organização social sem fins lucrativos que há 28 anos trabalha com a missão de promover a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental. Qualquer informação sobre peixe-boi marinho (casos de encalhe, ameaças, dúvidas), entre em contato pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961-1352/ (81) 3304-1443.

Saiba mais sobre a espécie
O peixe-boi marinho é um mamífero aquático da ordem dos Sirênios, da família Trichechidae. Num ambiente saudável e livre de ameaças, ele pode viver de 50 a 60 anos, chegando a ter aproximadamente 4 metros e a pesar em torno de 500 kg. Apesar de todo este peso e do corpo volumoso, ele é herbívoro, se alimenta de algas, capim-agulha, folhas de mangue, entre outras plantas marinhas. É um animal extremamente dócil, mas que não deve ser tocado e nem domesticado pelos seres humanos.

O peixe-boi marinho é uma espécie que tem características peculiares quanto à procriação. Uma fêmea tem uma gestação que dura 13 meses e passa cerca de dois anos amamentando o filhote. Ou seja, é preciso três a quatro anos para gerar uma nova vida, o que torna ainda mais delicado o trabalho de conservação da espécie.

Neste processo da relação mãe-filhote, é preciso bastante atenção. O ambiente ideal para que a fêmea cuide do filho é aquele que tenha água calma e alimentos ricos em nutrientes que sejam de fácil acesso, no caso os estuários e regiões costeiras protegidas. É lá que elas buscam se reproduzir, parir e descansar. Com o comprometimento destas áreas costeiras (em decorrência dos assoreamentos, poluição, entre outros fatores) muitas vezes as fêmeas reproduzem em áreas desprotegidas, o que acaba favorecendo para o encalhe dos filhotes.

Acompanhe também as atividades e ações do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho pelo site www.vivaopeixeboimarinho.org , Instagram (@vivaopeixeboimarinho) e facebook (@vivaopeixeboimarinho).

Fotos: Luciano Candisani/Acervo FMA

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