A iniciativa, patrocinada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, conta com a parceria da Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará.
Saber quantos peixes-bois marinhos existem no estuário da Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape e como esta população está distribuída na região é o objetivo do Projeto Biologia Populacional do Peixe-Boi Marinho, que está sendo executado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará. A iniciativa, que conta com o patrocínio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, utiliza um sonar de varredura lateral acoplado em uma embarcação com a intenção de localizar os peixes-bois marinhos, considerado o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Além da distribuição e abundância, o projeto também estuda dados comportamentais e bioacústicos dos animais, como também possíveis ameaças antropogênicas.
“A ideia de se fazer este projeto surgiu após um censo aéreo que realizamos, em 2010, ao longo do Nordeste do Brasil. Depois da execução deste censo, sentimos a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado em áreas importantes e a APA da Barra do Rio Mamanguape foi escolhida por ser historicamente uma das principais áreas de concentração destes animais. Estamos trabalhando para estimar a população desta localidade com uma nova metodologia que está sendo implantada aqui no Brasil nos últimos anos: o sonar de varredura lateral. Nós passamos pelo estuário com este aparelho, localizado na parte posterior do barco, que faz a captação de imagens com base no som acústico emitido por ele embaixo d’água. Na frente da embarcação, fizemos uma cabine na qual acoplamos um monitor de vídeo, por onde conseguimos fazer a leitura das imagens captadas pelo sonar”, explica a bióloga Maria Danise Alves, responsável técnica do Projeto.
A equipe do Projeto Biologia Populacional do Peixe-Boi Marinho vai a campo com cinco integrantes: dois observadores, que se posicionam nas laterais da embarcação, auxiliando no processo de avistagem dos animais; um pesquisador posicionado na cabine do vídeo, que fica atento às imagens captadas pelo sonar; outro integrante responsável pela anotação dos dados e registro fotográfico; e o piloto, que executa os movimentos em ziguezague estudados e determinados pela equipe. Além dos dados de avistagens, os pesquisadores captam o som dos animais por meio de um hidrofone, tanto para confirmar a avistagem como fazer estudos bioacústicos. Os padrões comportamentais dos espécimes também são registrados, visando a construção de um etograma.
A pesquisadora Maria Danise Alves ressalta a importância de projetos como este para ações e estudos a respeito da conservação do peixe-boi marinho no Brasil: “Para uma espécie ameaça de extinção, é essencial entendermos a sua biologia populacional, quantos são e como se distribuem numa determinada área de importância ecológica, utilizada para fins de alimentação, reprodução e descanso”. Os resultados desta pesquisa serão divulgados ainda este semestre.
A Fundação Mamíferos Aquáticos é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que, desde 1989, trabalha com a missão de promover a conservação dos mamíferos aquáticos e seus habitats, visando a sustentabilidade socioambiental. Atua nacionalmente com atividades que envolvem manejo e pesquisa científica, estudando os efeitos antropogênicos nos recursos marinhos, e com parcerias e ações colaborativas que promovem mudanças socioambientais. Neste contexto, também está inserida no apoio à construção e execução de políticas públicas e marcos regulatórios.
Fotos: Karlilian Magalhães/ Acervo FMA.