Grande parceiro em pesquisas em prol da conservação do peixe-boi-marinho e de seu habitat no Nordeste do Brasil, o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba (PPGEMA-UFPB) , do qual muitos dos pesquisadores e profissionais do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho/Fundação Mamíferos Aquáticos fazem parte, foi o programa na UFPB em 2023 que mais recebeu bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todos os estados brasileiros. O programa teve um aumento significativo no número de bolsas da CAPES, crescendo 187% este ano.
“O resultado positivo é fruto de um trabalho continuado ao longo de várias gestões, o engajamento dos professores e alunos, que resultou num grande aumento do número de publicações internacionais, internacionalização da pesquisa, publicações em revistas de alta qualidade. Além disso, o programa aumentou o impacto social com projetos em organizações governamentais e não governamentais como o ICMBio e a Fundação @mamiferosaquaticos . E esse tipo de parceria é muito importante para conectar a pesquisa com a realidade regional. E um terceiro ponto importante é a reformulação das linhas de pesquisa do programa que passou a ter um foco mais transdisciplinar, colocando a pesquisa sobre biodiversidade em diálogo direto com a construção de soluções sociais, econômicas, em linha com a convocação do nosso campus, que é fomentar o desenvolvimento regional”, ressalta o vice-coordenador do PPGEMA-UFPB, Prof. Dr. Rafael Raimundo.
Para o Prof. Dr. Rafael Raimundo, um outro fator que também contribuiu para o resultado positivo foi a abordagem de conectar pesquisa em ecologia e sustentabilidade com o contexto do desenvolvimento regional presente na proposta de internacionalização do PPGEMA . “Recentemente, o programa aprovou o Laboratório Misto Internacional Ideal sobre Sustentabilidade. Este laboratório é financiado pelo Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento, liderado pelo PPGEMA e tem uma rede de 11 instituições brasileiras e francesas atuando em quatro estados do Nordeste e em territórios que têm desafios sociais, ambientais parecidos com o nosso do litoral norte da Paraíba”, acrescenta.
No Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, pesquisas, reconhecidas internacionalmente, são produzidas em prol da conservação da espécie e seu habitat no Brasil com o apoio do PPGEMA, a exemplo do artigo “Home ranges of released West Indian manatees Trichechus manatus in Brazil “, elaborado por Sebastião Silva, ecólogo do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, durante a sua pesquisa de mestrado no PPGEMA-UFPB, que foi publicado na Oryx - The International Journal of Conservation, revista científica que apresenta temas sobre conservação da biodiversidade, política de conservação e uso sustentável, e a interação desses assuntos com questões sociais, econômicas e políticas. No artigo, o pesquisador, que contou com a orientação do Prof. Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho e diretor de Pesquisa e Manejo da Fundação Mamíferos Aquáticos, identificou a área de vida dos peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) soltos no Brasil. A publicação está disponível online no site da revista: https://www.cambridge.org/core/journals/oryx/article/home-ranges-of-released-west-indian-manatees-trichechus-manatus-in-brazil/ACB949E23C9DF4F37184FCD97EA51F6F
Já o artigo “Spatiotemporal dynamics of mangrove forest and association with strandings of Antillean manatee (Trichechus manatus) calves in Paraíba, Brazil”, elaborado durante o mestrado da ecóloga paraibana Iara Medeiros, pesquisadora do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, foi publicado no Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom, outra revista científica pertencente à Universidade de Cambridge e considerada de alto impacto na área de Biologia Marinha. No artigo, a pesquisadora, que contou com a orientação do Prof. Dr. João Carlos Gomes Borges e a coorientação da Profa. Dra. Nadjacléia Vilar Almeida, abordou a dinâmica espaço temporal dos bosques de mangues e sua relação com as ocorrências de encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) na Paraíba. A publicação está disponível online no site da revista: https://www.cambridge.org/core/journals/journal-of-the-marine-biological-association-of-the-united-kingdom/article/abs/spatiotemporal-dynamics-of-mangrove-forest-and-association-with-strandings-of-antillean-manatee-trichechus-manatus-calves-in-paraiba-brazil/2573DAC67224556B101C80A9F810BEF8
A dissertação de mestrado "Infecção por Giardia sp. e Cryptosporidium spp. em Sirênios e Mustelídeos no Norte e Nordeste do Brasil", da pesquisadora e médica veterinária Vanessa Rebelo, e a dissertação de mestrado “Estimativa do tamanho populacional, área de uso e fatores de ameaças de boto-cinza (Sotalia guianensis Van Beneden, 1864) no Nordeste do Brasil”, da pesquisadora e bióloga Isis Chagas, ambas atuantes no Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, também são exemplos de estudos desenvolvidos no PPGEMA-UFPB. Além destes, outros estudos do projeto estão em andamento no programa, como a dissertação de mestrado “Avaliação do impacto do derramamento de óleo nos peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus), ecossistemas costeiros e as implicações na saúde pública”, do pesquisador e biólogo Allan Oliveira.
“A sinergia de colaboração entre o PPGEMA e as atividades de pesquisa desenvolvidas por meio dos pesquisadores do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, estão proporcionando ampliar o conhecimento científico sobre as espécies aquáticas, os seus habitats e subsidiando o fortalecimento das estratégias de conservação existentes”, ressalta o pesquisador e médico veterinário Prof. Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.
O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental - é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. Conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape e PPGEMA-UFPB .
Texto: Karlilian Magalhães
Foto: Sarah Kather/ Acervo FMA