Notícia

Planeta Azul ou Planeta Plástico?

08/09/2025        

Os resíduos plásticos são uma ameaça para a saúde dos nossos oceanos e ecossistemas, mas seu uso e produção só vêm aumentando. O sinal de alerta está ligado! Por Aline Gallo, Assessora de Comunicação da FMA/PVPBM

A poluição plástica está presente em todos os lugares, desde a Fossa das Marianas (ponto mais profundo dos oceanos) até o Monte Everest (o pico mais alto da Cordilheira do Himalaia). Estima-se que cerca de 11 milhões de toneladas de plástico sejam despejados nos ecossistemas aquáticos a cada ano, tornando o problema dos resíduos sólidos nos ambientes marinhos cada vez mais alarmante1.


Estudos mostram que os mares estão tomados por uma "poluição plástica" sem precedentes. A cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo contendo plástico é lançado nos oceanos1. Estima-se que existam cerca de 170 trilhões de partículas de plástico nos oceanos, o que, se reunidas, corresponderia a aproximadamente 2,3 milhões de toneladas, com um crescimento acelerado e sem precedentes2.


Um exemplo visível é a "Grande Mancha de Lixo do Pacífico", uma enorme concentração de resíduos entre a Califórnia e o Havaí que vem sendo chamada de “o sétimo continente”. Inclusive já existem pesquisas que revelam que algumas espécies costeiras estão colonizando estas águas abertas criando um novo ecossistema a partir desses resíduos3. Dá pra acreditar?!

 

 

Sabemos que a contínua produção de plástico disparou nas últimas décadas, especialmente a de uso único, enquanto o gerenciamento adequado destes resíduos não acompanhou esse crescimento. Hoje, apenas 9% dos plásticos produzidos anualmente são reciclados. Você deve estar se perguntando o que é feito com os outros 91%?! “Nada!”, eles são amontoados em aterros sanitários, "lixões", jogados "fora”, e, na maioria das vezes, seu destino final é o mar. Estimativas indicam que sem uma política urgente e eficaz, a taxa de entrada de plásticos nos oceanos pode aumentar cerca de 2,6 vezes até 20404.


O Brasil é bom nisso!
Enquanto o ranking dos maiores poluidores de plásticos dos oceanos, o Brasil não passa despercebido: é oitavo país do globo e o maior poluidor da América Latina, com cerca de 1,3 milhão de toneladas lançadas ao mar anualmente. Foi o que revelou o relatório “Fragmentos da Destruição: impacto do plástico à biodiversidade marinha brasileira”, lançado pela Organização não Governamental (ONG) Oceana5. O estudo, conduzido durante as expedições do projeto Deep-Ocean, detectou uma grande quantidade de resíduos entre 200 e 1.500 metros de profundidade, a aproximadamente 200 km de distância da costa de São Paulo e Santa Catarina67.

 


Acúmulo de resíduos ameaça a vida marinha e o meio ambiente
Os resíduos sólidos afetam diretamente a vida marinha. Diversas espécies podem confundir os resíduos com alimentos, ingerindo plásticos que causam obstruções gastrointestinais e podem levar até a morte. Além disso, animais marinhos ficam frequentemente emaranhados em detritos flutuantes, resultando em ferimentos graves ou impedidos de locomoção.

No caso da ingestão, as consequências costumam ser de difícil percepção a curto prazo. Quando o sistema digestivo dos animais está preenchido por plásticos, sua real capacidade de absorver nutrientes dos alimentos diminui, reduzindo drasticamente as chances de sobrevivência. Isso pode levar a uma redução populacional ou mesmo a extinção local de determinadas espécies Tartarugas marinhas, focas, leões marinhos, golfinhos, peixes-bois-marinhos, aves marinhas e peixes são algumas das inúmeras vítimas8. Em razão disto, já foi constatado o óbito de um peixe-boi-marinho no Brasil em decorrência da ingestão de resíduos plásticos.

Pesquisas recentes revelam que a poluição por plástico já afeta cerca de 200 espécies marinhas no Brasil, das quais 85% estão ameaçadas de extinção. Dados dos Projetos de Monitoramento de Praias das Bacias de Santos e de Campos mostram que, entre 12.280 aves, répteis e mamíferos marinhos analisados, 49 das 99 espécies estudadas apresentaram plástico no trato digestivo, com destaque para as tartarugas, nas quais 82,2% das amostras estavam contaminadas9.



E agora, o que podemos fazer?
O oceano deveria ser símbolo de equilíbrio ecológico e diversidade natural, mas, diante da poluição, tornou-se um sinal de alerta para a necessidade urgente de reduzir o consumo de plásticos descartáveis, aprimorar políticas de descarte e reciclagem e promover a conscientização ambiental para proteger a vida marinha e a saúde do planeta.

Uma resposta imediata, prática e efetiva para evitar que o plástico descartável continue contaminando os oceanos é diminuir sua produção, oferta e consumo. O passo inicial consiste na substituição gradual de todos os plásticos considerados problemáticos e desnecessários — especialmente os descartáveis — por opções retornáveis, reutilizáveis, que não gerem resíduos, ou ainda por materiais alternativos mais sustentáveis.

Apoiar alternativas como reciclagem e a economia circular são muito efetivas também, pois tais iniciativas, quando bem planejadas e executadas podem gerar até mesmo benefícios econômicos e sociais, além dos ambientais. A economia circular propõe que o plástico seja mantido em uso pelo maior tempo possível, reduzindo a necessidade de produzir novos materiais e evitando o descarte inadequado.

A seguir deixamos outras ideias e inspirações:

5 R’s: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar

Reutilização e Reciclagem: Produtos e embalagens são desenhados para serem reutilizados ou reciclados diversas vezes.

Substituição de Materiais: Incentivo ao uso de materiais alternativos e biodegradáveis.

Responsabilidade Compartilhada: Empresas, governos e consumidores atuam juntos para fechar o ciclo do plástico, evitando que resíduos cheguem aos oceanos.

Consumo consciente: 

  • Evite usar plásticos de uso único;
  • Optar por embalagens retornáveis;
  • Comprar a granel e evitar embalagens;
  • Separar e reciclar corretamente;
  • Trocar sacolas plásticas por reutilizáveis


Desafio lançado!
Que tal na próxima vez que você for a praia, recolher ao menos uma sacolinha de lixo cheia, mesmo que não seja seu?! Assim você evita que ele vá para o mar e pode salvar muitas vidas marinhas!!

 

Quer fazer mais?!?

Faça parte da maior ação de limpeza da praia de Aracaju, SE, no próximo dia 20 de setembro.

Com o objetivo de promover a conservação dos ambientes costeiros e marinhos por meio de ação coletiva de limpeza e engajar a sociedade em práticas sustentáveis, o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho (PVPBM) realizará uma grande ação em alusão ao Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias – International Costal Cleanup 2025. O evento será no dia 20 de setembro (sábado) em Aracaju (SE) na Praia do Robalo, das 8h às 12h. A ação integra o International Coastal Cleanup Day, coordenado globalmente pela ONG Ocean Conservancy. O movimento internacional mobiliza milhões de voluntários em diversas praias ao redor do mundo. O PVPBM é realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Leia a matéria completa em nosso site.

 

 

*Imagens: Banco de imagens CANVA. 

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